Faça você mesmo (sozinho)

A solidão é igual a fracasso. Essa frase nos persegue durante toda nossa vida, como se para termos uma vida válida, a gente precisasse compartilhar tudo em tempo real, receber likes e ser aplaudido por uma plateia. A maioria das pessoas vive para ser aceita, e não para ser autêntica. Quantas vezes você adiou algo porque ninguém podia te acompanhar? Quantas vezes disse "sim" a algo apenas para evitar de magoar alguém?

A gente troca sonhos por segurança, liberdade por conforto social. Você silencia o grito da sua alma, porque é isso que os outros esperam de você. Mas chega uma hora em que o barulho de todas as coisas que você não viveu fica mais alto que o barulho das expectativas de outras pessoas. E nada pode te salvar da dor de ter se traído por tanto tempo.

Você cresce achando que ter coragem é pertencer, pertencer a um grupo, uma tradição ou expectativas. Mas a coragem está justamente no oposto, ela está no ato de se desprender, de caminhar sem direção, sentar em uma mesa sozinho, ouvir seus próprios pensamentos. Isso não quer dizer que você deve ser contra o amor ou amizades, nada disso. Mas lembrar que ninguém pode viver a sua vida por você.

Desde a infância somos ensinados a negociar os nossos desejos/vontade. "divida o brinquedo", "espere a sua vez", "não seja egoísta". Obviamente todas essas lições tem valor, mas tem um preço quando internalizamos que a nossa existência só é legítima se for útil ou conveniente para os outros.

Carl Jung escreveu, "o homem que não passa pelo deserto da solidão nunca encontrará seu verdadeiro eu". O deserto é um estado de presença consigo mesmo, é ali longe do barulho e das opiniões alheias que você descobre o que realmente te assusta, o que te faz rir, o que te move além da superficialidade. Veja bem, eu não quero que você se isole completamente, longe disso, o que eu falo aqui é sobre autonomia. Fazer as coisas sozinho, um jantar, uma viagem ou um projeto pessoal, tudo isso é um ato de confiança em você mesmo. Quando você depende exclusivamente de outras pessoas para se divertir ou tomar alguma decisão, você limita suas experiências. Um cinema vazio é o cenário perfeito para refletir sobre o filme. Uma caminhada sem conversas paralelas permite ouvir seus próprios pensamentos. O mundo não vai desabar se você sair dele por algumas horas.

E todo esse medo de não se permitir ser sozinho está ligado a uma única coisa. O medo de desapontar os outros, o que muitas vezes te transforma em um ator de um papel que você nunca escolheu. Você já:

• Deixou de mudar de carreira ou faculdade apenas por medo de frustrar os seus pais?

• Manteve um relacionamento, seja amoroso ou não, apenas por pena ou culpa?

• Abriu mão de um hobby porque as pessoas iriam julgar ou "não é coisa de adulto"?

A verdade é simples, você não controla como os outros irão te ver. 33% das pessoas vão te amar independente do que você faça, 33% vão te odiar independente do que você faça, e os outros 33% vão ser nulos. (muito obrigado ao meu mano crxzy por me mostrar a regra dos 33%). Tentar agradar a todos é uma corrida sem linha de chegada.

Viver a sua vida por si mesmo não significa ignorar todos que você ama. Significa honrar a sua própria essência. Viver por si mesmo é um ato de resistência em um mundo que constantemente lucra com a nossa insegurança, as redes socias vendem conexão, mas nos isolam. A cultura do "faça mais amigos, seja mais produtivo, mostre-se feliz" nos torna reféns de uma performance exaustiva.

O filósofo Soren Kierkegaard alertou: "A multidão é a mentira". Seguir o rebanho nos da a ilusão de segurança, mas nos afasta da única coisa real: nossa humanidade, imperfeita e singular. Solidão, no contexto dessa news não é a ausência de pessoas, mas a presença de si. Onde você para de ser "irmão(a)", "o funcionário ou aluno exemplar", e se torna simplesmente VOCÊ. Com todas as suas dúvidas, manias e segredos.

Para amar verdadeiramente os outros, primeiro precisamos nos encontrar. Como diz o provérbio zen: "você não pode derramar de um copo vazio". Fazer escolhas solitárias não significa abandonar as pessoas que amamos, significa honrar a relação mais sagrada que temos: a com nós mesmos.

Experimente.

• Experimente sair pra tomar um café, ir no museu, uma trilha. Não precisa ser nada grandioso, você apenas tem que estar presente.

• Andar pela sua cidade sem roteiro. Permita-se perder, conhecer lugares novos. São nos becos sem saída que encontramos as melhores histórias.

(Não é pra você se perder ok, mas sim explorar lugares que você não foi antes. Mas de qualquer forma por favor tome muito cuidado, principalmente você mulher)

• Listar coisas que realmente importa pra VOCÊ, não para seus pais, amigos ou a sociedade.

• Dançar sozinho, cantar totalmente desafinado, reaprenda a existir sem testemunhas.

"A liberdade começa quando você percebe que não precisa explicar tudo."

"Quantas vidas você já deixou de morrer para manter outras pessoas vivas?"

Clarice Lispector

Fazer as coisas sozinho não é sobre rejeitar conexões, mas construir uma relação mais intima com você. A sua vida merece ser vivida com autenticidade. Na próxima vez que sentir vontade de adiar um sonho, lembre-se, apenas você já é suficiente.

Saia sozinho, viva sempre com autenticidade, tudo vai fluir naturalmente.

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Chegamos ao fim de mais uma breve reflexão. Compartilhe com alguém que possa se interessar. E considere se inscrever para não perder nenhuma nova publicação.

Agradeço a todos que leram até o final.

Abraços, Leoni♥