Somos o pássaro e a gaiola.
Vivemos em uma prisão que nós mesmos ajudamos a construir. Somos o pássaro que deseja a liberdade e a gaiola que o mantém preso. Nosso desejo por liberdade não é apenas um instinto, é uma necessidade. Queremos ser vistos e reconhecidos por quem realmente somos, sem máscaras, sem defesas. Porem essa autenticidade vem com um preço. Porque ser verdadeiro é se expor. E quando nos expomos abrimos espaço para que o mundo nos julgue.
Nós queremos ser aceitos, reconhecidos e amados, mas ao mesmo tempo, nos fechamos sob o peso dos julgamentos dos outros e, pior ainda, os nossos próprios. É como se na tentativa de nos proteger do mundo, acabássemos nos trancando por dentro. Aprendemos que o olhar dos outros define quem nós somos. A forma como nos vestimos, o que escolhemos dizer ou não dizer, o que mostramos ao mundo e até o que escondemos dele, tudo isso é moldado pela nossa expectativa de sermos aceitos. O julgamento é inevitável. Desde o momento em que começamos a nos entender como indivíduos, somos ensinados a olhar para o outro e a nos perguntar como o outro nos vê. A criança que fala alto demais é repreendida. O adolescente que se veste de forma diferente é ridicularizado. O adulto que segue o caminho não convencional é visto com desconfiança. O mundo tem uma opinião sobre tudo o que somos e o que fazemos. Não importa o que você faça, as pessoas sempre vão te julgar por tudo que você faz e deixa de fazer.
Independente do caminho que escolhemos, o julgamento sempre virá. Se você for forte, vão dizer que é arrogante. Se for vulnerável, vão chamar de fraco. Se buscar o sucesso, vão acusar você de ambicioso demais. Se se acomodar, vão te dizer que falta vontade de vencer. A verdade é simples e dolorosa: você nunca vai agradar a todos.
Mas o mais cruel não é o julgamento externo é o que ele faz dentro de nós. Porque depois de ouvir tantas vezes o que os outros pensam, começamos a acreditar nessas vozes. Começamos a nos medir pelo olhar dos outros, como se nosso valor fosse determinado pelo número de aplausos que recebemos ou pelas críticas que evitamos. A crítica externa se transforma em autocrítica. Aquela frase que alguém disse há anos se volta na sua mente como um eco constante: "Você não é bom o suficiente."
E ai começa a autossabotagem. O pássaro bate as asas para voar, mas a gaiola se fecha sozinha. A gente cria desculpas para não tentar, para não arriscar. Nos convencemos de que não somos capazes, que não é o momento certo, que não merecemos. É muito mais seguro permanecer na gaiola conhecida do que enfrentar o risco de um voo incerto. Então o que fazemos? construímos a gaiola.
Ela é a nossa proteção. É uma voz interna que diz: "Melhor não tentar, assim ninguém pode te criticar." É a nossa zona de conforto onde nada muda, mas também nada dói. A gaiola é o argumento interno que nos convence a abandonar aquele projeto, aquela viagem, aquela conversa difícil, porque é mais seguro permanecer onde estamos. Mas essa gaiola não é só uma proteção externa. É uma prisão interna. O problema não é apenas o julgamento dos outros é quando esse julgamento se torna parte de nós. A voz crítica do mundo vira a nossa própria voz.
“Você não é bom o suficiente”
“Isso não vai dar certo”
“Eles vão rir de você”
“Você não merece isso”
A gente começa a nos criticar antes mesmo de tentar. A autossabotagem é o pássaro que aprendeu a ter medo de bater as asas. É aquela proposta de trabalho que você não aceita porque acredita que não está pronto. É o relacionamento que você não tenta porque tem certeza de que será rejeitado. É o livro que você não escreve porque acha que ninguém vai ler. Essa autossabotagem é muitas vezes, uma forma de autopreservação. Se eu não tentar, não posso falhar. Se eu não me abrir, não posso ser rejeitado. Mas isso é viver pela metade. É aceitar a segurança da gaiola em troca da nossa liberdade de voar.
Sabe o que é irônico? É que mesmo dentro da gaiola, o julgamento não desaparece. Porque o mundo também julga quem fica parado.
Então a pergunta é: se vão te julgar de qualquer forma, por que não tentar?
"Não julgue para não seres julgado."
Essa frase não é apenas um conselho. É um lembrete de que o julgamento que fazemos sobre os outros, e sobre nós mesmos, é uma forma de controle. Quando julgamos alguém por ter falhado, estamos, na verdade, reforçando a ideia de que o erro é inaceitável e, com isso reforçamos nossa própria gaiola interna. Quando você julga alguém por tentar e falhar, o que você está dizendo para si mesmo é: "Se eu tentar e falhar, vão rir de mim." E assim, o ciclo se perpetua. A crítica externa se torna interna, e a gaiola se fortalece.
Então, o que fazemos?
Aceitamos o julgamento como algo inevitável.
Aceitamos que o mundo vai nos criticar, independente do que façamos.
E mesmo assim, bater as asas.
Sim, vão te julgar. Sempre vão. Mas isso não significa que você precise se encolher, desistir ou se calar. A verdadeira liberdade começa quando você para de medir o próprio valor pelo olhar alheio. Quando você entende que o voo é mais importante do que a queda, e que a única gaiola real é aquela que você constrói na mente.
O pássaro precisa aprender a confiar no seu próprio voo, mesmo sabendo que pode cair. O erro não é o fim é parte do processo. A verdadeira liberdade não está em evitar o julgamento, mas em seguir em frente apesar dele. Está em aceitar que ser criticado é o preço de ser autêntico.
Viver sem ser julgado é impossível. Mas viver sem nos permitir voar é um preço alto demais para pagar pela segurança.
Abra a porta da gaiola. Voe mesmo que o céu pareça incerto. Quando a crítica vier lembre-se: você não está voando para agradar ninguém, você está voando porque nasceu para isso. E quando você finalmente perceber que o julgamento dos outros é um reflexo das limitações deles e não das suas, talvez descubra que a gaiola nunca existiu de verdade.
Chegamos ao fim de mais uma breve reflexão. Compartilhe com alguém que possa se interessar. E considere se inscrever para não perder nenhuma nova publicação.
Agradeço a todos que leram até o final♥
Somos forçados a viver em uma sociedade onde desde sempre foi imposto um padrão, desde criança somos ensinados o que é certo e o que é visto com olhares de desgosto, se você não segue o padrão imposto você e julgado e desta maneira muitas vezes nos reprendemos por ser aquilo que nascemos para ser, as vezes sinto que todas as vezes na qual silenciei um pensamento por medo do julgamento uma parte da minha verdadeira essência foi se apagando aos poucos, Ótimo texto me colocou pra refletir horrores.
"É como se na tentativa de nos proteger do mundo, acabássemos nos trancando por dentro. A verdadeira liberdade começa quando você para de medir o próprio valor pelo olhar alheio." As suas leituras são densas e viscerais, o que particularmente vem me deixando cada vez mais intrigada e curiosa de saber mais, e creio que isso te define como escritor.